ENVELHECIMENTO E CÉLULAS
O câncer colorretal é 10 vezes mais
provável de ocorrer em pacientes com doenças inflamatórias crônicas do
colo, como colite ulcerativa ou doença de Crohn. E a relação entre
asbestose e silicose (duas condições inflamatórias pulmonares crônicas) e
câncer de pulmão foi há muito reconhecida. A inflamação crônica também
é um contribuinte subjacente para artrite reumatoide, doença de Alzheimer,
depressão, esquizofrenia, doença cardiovascular e diabetes.
Carcinogênese:
um Processo Polifásico
Carcinogênese
é o processo polifásico de desenvolvimento do câncer no qual até 10
mutações distintas ocorrem em uma célula antes que ela se torne cancerosa. A
progressão das alterações genéticas que conduzem ao câncer é mais bem
compreendida no câncer colorretal. Esses cânceres, assim como os de pulmão
e de mama, levam anos ou décadas para se desenvolver. No câncer de colo, o
tumor começa como aumento da área de proliferação celular, resultante de
uma única mutação. Esse crescimento, em seguida, progride para crescimentos anormais, porém não cancerosos, os chamados adenomas. Após duas ou três
mutações adicionais, ocorre uma mutação do gene supressor de tumores p53 e
o desenvolvimento de um carcinoma. O fato de que tantas mutações sejam
necessárias para o desenvolvimento de um câncer indica que o crescimento
celular é normalmente controlado, com muitos conjuntos de controles mútuos.
Portanto, não é surpresa que um sistema imune comprometido contribua
significativamente para a carcinogênese.
Tratamento
do Câncer
Muitos
cânceres são removidos cirurgicamente. No entanto, quando um câncer está
amplamente disseminado pelo corpo ou existe em órgãos com funções essenciais,
como o encéfalo, que pode ser muito comprometido pela cirurgia, pode-se usar
quimioterapia e radioterapia. Algumas vezes a cirurgia, a quimioterapia e a
radioterapia são combinadas. A quimioterapia compreende a administração de
medicamentos que provocam a morte das células cancerosas. A radioterapia
destrói os cromossomos, bloqueando, consequentemente, a divisão celular. Como
se dividem rapidamente, as células cancerosas são mais vulneráveis aos
efeitos destrutivos da quimioterapia
e da
radioterapia do que as células normais. Infelizmente para os pacientes, as
células do folículo piloso, as células da medula óssea vermelha e as
células de revestimento do trato gastrintestinal também se dividem
rapidamente. Por essa razão, os efeitos colaterais da quimioterapia e da
radioterapia incluem perda de cabelo, em virtude da morte das células do
folículo piloso, vômito e náuseas, em razão da morte das células de re-
vestimento do estômago e dos intestinos, e suscetibilidade à infecção, por
causa da redução na produção de leucócitos na medula óssea vermelha.
O
tratamento do câncer é difícil porque não se trata de uma única doença e
porque as células em uma população tumoral única raramente se comportam
todas do mesmo modo. Embora a maioria dos cânceres seja considerada uma
derivação de uma única célula anormal, na época em que atinge um tamanho
clinicamente detectável um tumor pode conter uma população diversa de
células anormais. Por exemplo, algumas células cancerosas produzem
metástases rapidamente, enquanto outras não o fazem. Algumas são
sensíveis aos medicamentos da quimioterapia, e algumas são resistentes a
eles. Em razão das diferenças na resistência aos medicamentos, um único agente
quimioterápico pode destruir células suscetíveis, mas permite que células
resistentes proliferem.
Outra
abordagem potencial para o câncer que está em desenvolvimento atualmente é a
viroterapia, o uso de vírus para matar as células cancerosas. Os vírus
empregados nessa estratégia são elaborados de forma a que atinjam
especificamente as células cancerosas, sem afetar as células saudáveis do
corpo. Por exemplo, proteínas (como os anticorpos) que se ligam especificamente
a receptores encontrados apenas nas células cancerosas são fixadas nos vírus.
Uma vez no interior do corpo, os vírus ligam-se às células cancerosas, infectando-as
em seguida. As células cancerosas acabam sendo destruídas, uma vez que os vírus
provocam a lise celular.
Pesquisadores
também estão investigando a função dos genes reguladores de metástase, que
controlam a capacidade das células cancerosas se disseminarem. Cientistas
esperam desenvolver medicamentos que manipulem esses genes e, consequentemente,
bloqueiem a metástase das células cancerosas.